segunda-feira, 21 de março de 2011

"Não é bom que o homem esteja sozinho"

Certa vez ouvi alguém falar que “só os heróis desprezam o amor”, em dado momento, acreditei piamente nessa frase cuja origem o tempo apagou da minha mente, no entanto a lógica dela martela minhas reflexões até hoje, aliás, sobretudo hoje; a fim de ter auxílio, fui conferir o cunho vernáculo da palavra herói, encontrei algumas definições, tais como: Homem notável por sua coragem, feitos incríveis, generosidade e altruísmo; Homem que suporta, com firmeza e determinação inabaláveis, condições adversas. Ora, em nem uma delas percebi a relação entre heroísmo e desprezo ao amor, ao contrário, todo sentido heroico passa longe disso.
Passei a compreender a desculpa esfarrapada por trás da frase, que decerto foi criada por uma pessoa que ao longo da vida foi um verdadeiro covarde, incapaz de suportar, com firmeza e determinação inabaláveis, condições adversas. Para a pessoa que se considera dona de si, rígida a ponto de arruinar corações sem sentir remorsos, amar é a síntese da adversidade, pois começa a entender o outro, entende a dinâmica surpreendente de fazer de dois seres apenas um, a capacidade de abrir mão de um porto seguro e reiniciar a vida, tendo como esperança apenas o desejo de não estar só no mundo. Para elas, amar é pecado, o fruto proibido que um dia amaldiçoou a humanidade.
É fácil perverter valores em prol da conveniência e necessidade de manter a pose, o difícil é ter a força admirável de amar sem pensar em nada, de arriscar, replanejar a vida, viver, não de amor, mas por amor, “ser notável por sua coragem, feitos incríveis, generosidade e altruísmo”, em suma, o difícil é ser herói... Amar não é pecado.

domingo, 20 de março de 2011


            O dia 20 de março de 2011 ficará marcado como aquele em que o presidente do país mais rico do mundo visitou a cidade do Rio de Janeiro. Ao longo da semana, todos se prepararam para o evento, tudo girou em torno disso.
            Nessa mesma data, um grande amigo e mestre comemora mais um ano de vida, esta dedicada ao desenvolvimento de boa parcela da população carioca, são anos de luta contra a ignorância, de tentativa de superar o sistema excludente comum ao nosso povo, sobretudo, ou exclusivamente, à parcela mais carente da sociedade. À primeira vista, tudo parece corriqueiro, lugar-comum; afinal, todos completam anos de vida: meu amigo, os Chefes de Estado, eu e você; contudo, a reunião que se deu nessa tarde especial reuniu pessoas comuns, porém fundamentais para o desenvolvimento do nosso povo, gente que não tem, talvez nunca tenham, o status de um Obama, mas que formam os governantes do futuro, alertam, no mínimo, tentam alertar para a necessidade de olhar tudo com olhos críticos, com o olhar de um povo que ao longo da história é pilhado, assolado, violentado pela mentalidade neo-liberal, cujo principal expoente é o Tio Sam.
            Nada contra a visita do presidente dos Estados Unidos à cidade, entendo que a diplomacia anda de mãos dadas com  a democracia, minha única mágoa fica por conta da apoteose criada para recebê-lo, da atmosfera festiva, como se o Messias viesse nos abençoar, esse tipo de comportamento comprova a nossa tendência à submissão, à docilidade que tanto nos é atribuída. Todavia, observei tudo isso com serenidade, pois estava acompanhado de pessoas, que como eu, nadam contra a maré, não precisam ceder aos “encantos” de um figurão, pois entendem que toda mudança é oriunda daqueles que pensam e atuam para um mundo melhor. Mais a vale a festa para pessoas imprescindíveis que a adulação a líderes de ocasião. Feliz Aniversário, Mestre Emmanuel!

quarta-feira, 16 de março de 2011


“Deixe a vida exprimir-se sem disfarce”. Eis um verso de um soneto que me levou a uma intensa reflexão sobre o que é viver de fato. Será que vivemos? É óbvio que não me refiro à vida biológica, faço menção à vida que nos satisfaz, aquela que desejamos ter; também não apelo, aqui, para os devaneios milionários, fantasias impossíveis, falo de tudo que está ao nosso alcance, no entanto distante da compreensão de algumas pessoas, que por capricho das circunstâncias, surgem em nossas vidas.
Ora, se há impedimentos para a vida sonhada, ela não está se exprimindo, ao contrário, está se reprimindo e, por isso, transforma-se apenas sobrevivência, um viver por viver, um fingimento capaz de convencer a todos, exceto a nós, tristes viventes racionais.
Noto a sobrevivência forçada em vários aspectos da existência das pessoas, seja no trabalho, no amor, nas relações de amizade; tudo isso me joga ao encontro de um brutal pessimismo, pois assumir a vida que se deseja e abrir mão de um lugar seguro, da aprovação social é algo que pouquíssimos corajosos, considerados excêntricos, experimentam, pagam o preço por viver de fato, independente sucesso ou insucesso da opção. O maior deleite, talvez seja o peso que se tira das costas ao tomar as rédeas da própria vida, isso é liberdade, é puro Existencialismo, tudo, no mais, é assassínio da satisfaçao.
            Reflexões à parte, leiam o soneto na íntegra.

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Xiii! Acabou o carnaval.


É, meus caros, mais um carnaval acabou, e a vida, aos poucos, volta à normalidade; chegou a hora de contarmos os mortos, feridos, os beijos furtivos, os amassos que podem perpetuar uma relação ou dar fim a outras. Foram quatro dias de puro êxtase, por isso tivemos a necessidade de cometer excessos, senão não existiria graça; bebemos muito, falamos muito, pulamos, batemos, apanhamos, só não podemos dormir, isso é sacrilégio, na festa pagã, temos de ser zumbis.

Ficamos anestesiados para tudo ou quase tudo. Depois do carnaval, pensamos no Imposto de Renda, IPTU, IPVA, fatura do cartão, material escolar das crianças, matrícula da faculdade e outras continhas banais; agimos assim porque o mais importante já foi feito, gastamos durante a festa, tudo no mais se arranja, para que existe o cheque especial, empréstimos de agiotas e outras formas de se conseguir dinheiro? Isso é fácil. Outro dado interessante do entrudo é que abraçamos pessoas que em dias comuns sequer olhamos, será que nesta época a sensualidade fica aflorada a ponto de enxergarmos detalhes invisíveis ao longo do ano? Pode ser... Ou não.

No carnaval, o povo brasileiro é aclamado mundo afora, os gringos vêm para nosso país e gastam horrores, isso é bom para economia, gera serviços, muita gente se ergue no carnaval, mas não estou falando das pessoas que aproveitam o período para, de forma inteligente, ganhar, refiro-me àqueles que amam os estrangeiros a ponto de serem seus bichinhos exóticos que servem para o sexo e entretenimento. Eles nos consideram gente dócil, simplória e adoram constatar nossas desgraças sociais, não é à toa que um dos passeios mais realizados por turistas de fora, sobretudo os norte-americanos, são as caminhadas pelos becos da Rocinha... Besteira citar isso, falemos de festa, da comemoração responsável por nossas vidas...

Mais um findar de carnaval, agora teremos mais histórias para contar, pois pensamos nisso durante o engarrafamento de várias horas, dançamos, conhecemos pessoas a quem já amamos, sorrimos muito... Meu Deus! Tudo foi muito intenso, o único mal é que não teremos mais a máscara para disfarçar as frustrações.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A Pós-Modernidade

A ideologia moderna impulsiona a todos para o progresso; a indústria, as máquinas, os operários, a arte, as pessoas em geral viviam em função do movimento que levaria o mundo ao futuro, sacrifícios eram feitos em prol desse ideal. Porém, a geração moderna não conseguiu cumprir seu plano de evolução, de modo que duas grandes guerras ocorreram, os políticos se dividiram em esquerdistas de um lado, direitistas de outro, as expressões artísticas negaram o passado, e a arte ficou estanque num mundo sem ontem, as repressões para manter o ideal permeava, silenciosamente, os discursos das famílias, que eram perpetuados nas escolas, nas igrejas e pelas mídias.

Chegou-se a uma intensa crise, a descrença na bipolarização do mundo teve como emblema a queda do Muro de Berlim, tal fato se propagou pelo mundo de forma conotativa, pois caiu a fé nas mudanças promovidas pelo Estado, assim, surgiram as ONGS realizando trabalhos de prevenção a doenças, à fome, ao analfabetismo, à recuperação de jovens abandonados ou drogados; a arte pós-moderna não aceita a ruptura radical dos modernos e com eles rompe; ser politizado não é interessante para os pós-modernos, a mudança deve ocorrer pela tolerância à preferência sexual, à diferença racial, a tudo, porque na pós-modernidade tudo é relativo. A princípio, parece ser o mundo ideal, o lugar onde todos serão respeitados, a noção de fraternidade ganha espaço e força num mundo globalizado, sem fronteiras, holístico, e o prazer deve ser a busca para alcançar a tão desejada felicidade.

O efeito colateral do pós-modernismo é o apelo desenfreado de uma política neo-liberal que obriga e consegue levar as pessoas a uma visão consumista de mundo, só é feliz quem consome, não importa se há necessidade, porque, no contexto social, só tem valor aquele que possui o melhor carro, a melhor roupa, trabalho, "amigos," frequenta os melhores lugares e vive sorrindo, mesmo sem saber por quê. O mundo pós-moderno é vazio, um fantasma, vive-se o hoje e nada mais.

Indefinível, híbrida, a Pós-Modernidade coloca tudo e todos numa vala comum, no entanto conserva os preconceitos do passado, aliás, falar em passado ou futuro neste momento é confuso, uma vez que tudo isso representa uma transição, não sei ao certo se vivemos uma crise ou a consagração do caos; seja como for, quero continuar minha jornada de observador do tempo sem ao menos saber que tempo é este.

segunda-feira, 7 de março de 2011

AMANDO-A

Como explicar as palavras inaudíveis ditas por um olhar?

Não são necessários gestos, intimidade; envolver-se com olhos é suficiente para desencadear sensações que desembocam na mais absoluta paixão. Quando isso acontece, a única solução é se entregar à magia que une um homem e uma mulher, não há lógica que explique, a razão é colocada de lado, e a verdade vem à tona, é volúpia, candura, é vontade de estar junto, é tesão, é tudo que faz de nós meros animais norteados pelo instinto.

Passar dias sentindo frio na barriga apenas por lembrar de alguém, contar os dias na certeza de vê-la e, quem pode o saber, tê-la a fim de perpetuar as ordens do corpo, brindar com um beijo todas as ansiedades que por semanas operaram reações somáticas, colocaram pessoas em cheque.

Não há nada que resolva, nada que engane; a medida dos acontecimentos é a realidade, e a única realidade é que estou AMANDO-A...